A conselho de um amigo de família, Skinner se matriculou no Hamilton College de Nova York. Ele escreveu:
“Nunca me adaptei à vida de estudante. Ingressei numa fraternidade acadêmica sem saber do que se tratava. Não era bom nos esportes e sofria muito quando as minhas canelas eram atingidas no hóquei sobre o gelo ou quando melhores jogadores de basquete faziam tabela na minha cabeça… Num artigo que escrevi no final do meu ano de calouro, reclamei de que o colégio me obrigava a cumprir exigências desnecessárias (uma delas era a presença diária na capela) e que quase nenhum interesse intelectual era demonstrado pela maioria dos alunos. No meu último ano, eu era um rebelde declarado”.
Condicionamento operante
O conceito-chave do pensamento de Skinner é o de condicionamento operante, que ele acrescentou à noção de reflexo condicionado, formulada pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. O reflexo condicionado é uma reação a um estímulo casual. O condicionamento operante é um mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso do rato faminto que, numa experiência, percebe que o acionar de uma alavanca levará ao recebimento de comida. Ele tenderá a repetir o movimento cada vez que quiser saciar sua fome.
A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante é que o primeiro é uma resposta a um estímulo puramente externo; e o segundo, o hábito gerado por uma ação do indivíduo. No comportamento respondente (de Pavlov), a um estímulo segue-se uma resposta. No comportamento operante (de Skinner), o ambiente é modificado e produz consequências que agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de ocorrência futura semelhante.
O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem de novo comportamento – um processo que Skinner chamou de modelagem. O instrumento fundamental de modelagem é o reforço – a consequência de uma ação quando percebida por quem a pratica. Para o behaviorismo em geral, o reforço pode ser positivo (uma recompensa) ou negativo (ação que evita uma consequência indesejada). “No condicionamento operante, um mecanismo é fortalecido no sentido de tornar uma resposta mais provável, ou melhor, mais frequente”, escreveu o cientista.
Sem livre-arbítrio
Segundo Skinner, a ciência psicológica — e também o senso comum — costumava, antes do aparecimento do behaviorismo, apelar para explicações baseadas nos estados subjetivos por causa da dificuldade de verificar as relações de condicionamento operante — ou seja, todas as circunstâncias que produzem e mantêm a maioria dos comportamentos dos seres humanos. Isso porque elas formam cadeias muito complexas, que desafiam as tentativas de análise se elas não forem baseadas em métodos rigorosos de isolamento de variáveis.Nos usos que projetou para suas conclusões científicas — em especial na educação — Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos. Ele escreveu um romance, Walden II, que projeta uma sociedade considerada por ele ideal, em que um amplo planejamento global, incumbido de aplicar os princípios do reforço e do condicionamento, garantiria uma ordem harmônica, pacífica e igualitária. Num de seus livros mais conhecidos, Além da Liberdade e da Dignidade, ele rejeitou noções como a do livre-arbítrio e defendeu que todo comportamento é determinado pelo ambiente, embora a relação do indivíduo com o meio seja de interação, e não passiva. Para Skinner, a cultura humana deveria rever conceitos como os que ele enuncia no título da obra.
Linha do Tempo
1904 | Em 23 de março, Burrhus Frederic Skinner nasce, na cidade de Susquehanna, Pensilvânia, Estados Unidos. |
1928 | Inicia a pós-graduação em Psicologia, em Harvard |
1936 | Casa-se com Yvonne Blue |
1936-1945 | Leciona na Universidade de Minnesota. |
1938 | Publica o livro The Behavior of Organisms (O Comportamento dos Organismos) |
1945-1947 | Leciona na Universidade de Indiana. |
1947 | Skinner e sua família mudam-se para Cambridge |
1948 | Começa a lecionar em Harvard, onde trabalhou até o fim da vida. |
1948 | Publica o livro Walden Two, em que idealiza uma sociedade do futuro, organizada segundo os princípios comportamentais que ele defendia. |
1953 | Publica o livro Science and Human Behavior(Ciência e Comportamento Humano) |
1957 | Publica o livro Verbal Behavior (O Comportamento Verbal) |
1957 | Publica, com C. B. Ferster, o livro Schedules of Reinforcement. |
1968 | Publica o livro The Technology of Teaching (Tecnologia do Ensino) |
1971 | Publica o livro Beyond Freedom and Digntity (Além da Liberdade e da Dignidade), que se tornou um best-seller nos Estados Unidos. |
1974 | Publica o livro About Behaviorism (Sobre o Behaviorismo) |
1976 | Publica o livro Particulars of My Life: Part One of an Autobiography |
1978 | Publica o livro Reflections on Behaviorism and Society. |
1979 | Publica o livro The Shaping of a Behaviorist: Part Two of an Autobiography. |
1983 | Publica o livro A Matter of Consequences: Part Three of an Autobiography. |
1983 | Publica, com M. E. Vaughan, o livro Enjoy Old Age: A Program of Self-Management (Viva bem a velhice: Aprendendo a programar sua vida) |
1987 | Publica o livro Upon Further Reflection. |
1989 | Publica o livro Recent Issues in the Analysis of Behavior (Questões Recentes na Análise Comportamental) |
1990 | Em 18 de agosto morre, aos 86 anos, de leucemia. |

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